domingo, 17 de maio de 2009

CRISTINA TAVARES

CRISTINA TAVARES

Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco

Maria Cristina de Lima Tavares Correia nasceu no dia 10 de junho de 1934, em Garanhuns, Pernambuco, filha de José Alves Tavares Correia e Maria Mercês de Lima Tavares Correia. Apesar de ter sido jornalista e professora, ela se consagrou pelo engajamento com o jornalismo comprometido e pela participação política. E, os seus vibrantes discursos, destacaram-na frente a uma série de personalidades, da sociedade brasileira, que fizeram resistência parlamentar contra o Golpe Militar de 1964.

Em se tratando de vida política, Cristina Tavares lutou em defesa das questões sociais, contra a ditadura e pela anistia, e debateu questões relacionadas à arte, à tecnologia e aos esportes. Por sua vez, como militante de partido político e séria interlocutora junto aos movimentos sociais ela conquistaria, em 1978, o primeiro mandato como deputada estadual (1979-1983), com 22.519 votos. Ganharia, depois, mais dois mandatos consecutivos: em 1982, com 27.963 votos (1983-1987) e, em 1986, com 40.613 votos (1987-1991).

Mesmo sem nunca ter sido integrante do Movimento Feminista, Cristina Tavares compreendeu o quão desumanas eram as desigualdades de gênero. Neste sentido, ela firmou e assumiu inúmeros compromissos com o Movimento de Mulheres, legislando em defesa dos direitos civis, políticos e sociais da parcela feminina da população.

A sua trajetória partidária iniciou-se no antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), onde fazia parte do chamado grupo autêntico, com Ulysses Guimarães e outras pessoas que empreenderam resistência parlamentar ao Regime Militar. Sendo assim, Cristina Tavares lutou, junto à Câmara Federal, pela emancipação política das mulheres; pelos direitos das empregadas domésticas e das trabalhadoras rurais; pela posse da terra; pela assistência integral à saúde da mulher; pela descriminalização do aborto, e contra as desigualdades de tratamento entre homens e mulheres.

É de sua autoria, ainda, a emenda constitucional que veio a reconhecer e consagrar o direito da mulher, como cabeça do casal, perante o imposto de renda. Além do mais, foram da autoria de Cristina Tavares, vários outros projetos voltados a combater a discriminação das mulheres no mercado de trabalho, bem como a violência física, moral, jurídica e institucional que elas vinham sofrendo. A deputada foi autora, também, do capítulo da Família, presente no Código Civil.

Durante toda a sua vida política, Cristina Tavares elaborou um total de 139 projetos, proferiu 334 discursos, participou de duas comissões parlamentares, foi relatora de dois simpósios e presidiu duas comissões na Câmara dos Deputados, proferiu 60 conferências no Brasil, 12 no exterior, e publicou 8 livros. No tocante à Constituição de 1986, apresentaria 227 emendas, das quais 95 foram aprovadas.

Em agosto de 1960, quando o famoso casal de filósofos existencialistas - Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir - desembarcou na cidade do Recife, vale ressaltar que o francês se apaixonou rapidamente por uma pernambucana, a ponto de desejar casar-se com ela em Paris. Tendo ficado muito doente, nessa ocasião, Madame Beauvoir registrou o seguinte em suas memórias: enquanto eu jazia no meu leito de dor, ele passeava com ela. A moça ruiva, pela qual Sartre havia enlouquecido de paixão, era Cristina Tavares. E, se a deputada houvesse casado com o filósofo francês, e ido residir em Paris, como ele desejava, a História política do Estado (como, também, a do Brasil) teria perdido uma das maiores combatentes da Ditadura Militar.

Cristina Tavares elegeu-se, inclusive, deputada federal por Pernambuco, Naquele período, foi a única mulher a conseguir esse cargo, e passou a representar um ícone de bravura, coerência, inteligência e integridade.

Em 1983, a deputada fundaria o Centro de Estudos Políticos e Sociais Teotônio Vilela, um palco importante onde seriam discutidos vários problemas da população brasileira. E, na Câmara dos Deputados, Cristina Tavares foi pioneira na defesa das questões de gênero, dos direitos sociais, da liberdade de imprensa, e dos direitos das mulheres.

Pode-se afirmar que a deputada pernambucana foi admirada por muitas personalidades nordestinas, dentre as quais o ex-Ministro da Justiça Fernando Lyra que, em fevereiro de 2003, assumiria a Presidência da Fundação Joaquim Nabuco.

No princípio da década de 1990, Cristina Tavares, ao lado de outras figuras de renome da esquerda parlamentar, perderia uma eleição. Mais importante do que isso, por outro lado, ela perderia, inclusive, a maior de todas as batalhas: a luta pela vida.

Aos 55 anos, em 1992, vítima de um câncer, Cristina Tavares veio a falecer nos Estados Unidos. A sua luta política, entretanto, não foi em vão. Deve-se àquela brava guerreira inúmeras conquistas importantes que as mulheres, hoje, usufruem.

E, em 2004, no Ano Internacional da Mulher, quando a Câmara dos Deputados decidiu renovar a série dos perfis dos ex-parlamentares, o primeiro nome feminino que a bancada parlamentar ressaltou foi o de Cristina Tavares Correia, o maior dos marcos da presença feminina na política nacional.


Fontes consultadas:

CÂMARA lança perfil parlamentar de Florestan Fernandes e de Cristina Tavares. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2005.

CÂMARA lança novos perfis parlamentares. Disponível em: Acesso em: 12 mar. 2005.

CRISTINA Tavares – PSDB/PE. Disponível em: Acesso em: 22 mar. 2005.

INSCRIÇÕES para o prêmio Cristina Tavares abertas até 30 de outubro. Disponível em: Acesso em: 12 mar. 2005.

CRISTINA Tavares. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2005.
MARIA Cristina de Lima Tavares Correia. Disponível em: Acesso em: 12 mar. 2005.

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